Aqui no nosso consultório recebemos muitos pacientes com lesões no manguito rotador do ombro. A maioria deles têm dúvidas quanto a sua patologia e prognóstico. A partir disso elaboramos o material abaixo com as perguntas mais comuns. Esperamos que ajude!
O manguito rotador é um conjunto de 4 músculos e seus respectivos tendões localizados ao redor do ombro. Dois tendões se localizam na parte de trás do ombro, um na parte superior e um na parte anterior, sendo que este último se origina na escápula e se insere na parte da frente do ombro.
Esses 4 músculos que formam o manguito rotador são responsáveis pela estabilização da articulação do ombro, e também por alguns movimentos do braço como a elevação e as rotações.
A maioria das lesões do ombro são atraumáticas e/ou degenerativas e são relacionadas às estruturas como tendões e bursas, localizados nesta região. Dentre elas podemos citar as tendinopatias, bursites e rupturas de tendões.
O diagnóstico é essencialmente clínico mediante história e exame físico minucioso e específico. Para confirmação do diagnóstico se utiliza exames de imagem como a ecografia ou ressonância magnética.
A origem da tendinopatia é multifatorial, tendo causas intrínsecas, extrínsecas ou a combinação dos dois. Dentre as causas intrínsecas temos as mudanças que o tendão sofre naturalmente no processo de envelhecimento (a partir dos 35-40 anos), como vascularização, propriedades mecânicas, morfológicas e adaptação/cicatrização quando a carga tênsil excede a capacidade.
Já os mecanismos extrínsecos estão mais relacionados à compressão do tendão por fatores anatômicos, biomecânicos, ou uma combinação de ambos.
É importante salientar que tanto o overuse quanto o underuse estão relacionados à tendinopatia, ou seja, tanto cargas excessivas/repetitivas quanto a falta de tensão sobre o tendão predispõem ao surgimento de lesões tendíneas.
As rupturas atraumáticas fazem parte de um processo degenerativo e apresentam uma origem multifatorial, sendo que fatores como diabetes, obesidade e tabagismo podem aumentar as chances de ruptura e de re-ruptura após cirurgia de manguito rotador.
Antes de tudo, é importante salientar que nem sempre dói, muitas pessoas têm tendinopatia e até mesmo ruptura de algum tendão e não sentem nenhuma dor. Além disso, a intensidade da dor NÃO é relacionada à gravidade da lesão.
Porém, a dor no ombro relacionada ao manguito rotador tem origem multifatorial. Além da lesão estrutural, fatores biológicos, psicológicos e sociais também interferem na intensidade da dor.
Alguns fatores contribuem para a dor noturna como a compressão ao dormir em cima do braço, fatores neurofisiológicos relacionados ao sono e o fato de o foco de atenção estar mais voltado para o ombro no período da noite do que durante o dia.
O tratamento padrão ouro para as lesões degenerativas/atraumáticas relacionadas ao manguito rotador são os exercícios terapêuticos com carga progressiva. Além disso, a terapia manual também auxilia na analgesia. Educar o paciente é essencial para o auto manejo e para evitar repouso completo. Terapias passivas até podem ser utilizadas no curto prazo, em casos de irritabilidade alta, onde há muita dor, porém o tratamento é basicamente pautado em exercícios e terapia manual.
Nem toda ruptura de tendão do manguito rotador precisa de cirurgia. Rupturas degenerativas podem ser tratadas de forma conservadora, porém em alguns casos a cirurgia ainda é necessária.
Existem alguns critérios cirúrgicos que aumentam a chance de cirurgia. Dentre eles podemos citar:
Todo paciente com ruptura degenerativa, DEVE ser submetido à reabilitação por no mínimo 12 semanas, antes de ser encaminhado para a cirurgia.
O sucesso da recuperação após cirurgia de MR depende em grande parte dos cuidados no PO.
A recuperação completa dura em média 20 a 26 semanas, após a cirurgia.
A fase inicial tem como foco o controle da dor e a imobilização. O paciente utiliza a tipoia por 4 a 6 semanas, dependendo do tamanho da lesão e quais tendões foram acometidos.
Caso o paciente seja liberado nas primeiras 4 semanas para a fisioterapia, o foco nesta fase será a educação do paciente para posturas de conforto, orientação quanto aos cuidados necessários, controle da dor, movimentação de articulações adjacentes como punho e cotovelo. O ombro NÃO é mobilizado nestas primeiras 4 semanas, pois a mobilização precoce pode aumentar o risco de re-ruptura do tendão.
Após a retirada da tipoia, a reabilitação inclui exercícios para ganho de amplitude do ombro, de forma controlada e progressiva. Inicialmente com mobilizações passivas, com baixa velocidade, feitas pelo fisioterapeuta, ou mesmo pelo paciente em casa.
Nas semanas seguintes, o tratamento evolui com mobilizações ativo-assistidas seguidas de mobilizações ativas. Posturas facilitadas pela gravidade (deitado, inclinado) são muito usadas inicialmente, e com o tempo o tratamento progride para posturas em pé. O paciente não evolui para a fase de fortalecimento sem antes atingir a amplitude completa de movimento.
Por volta da 12ª semana, inicia a fase de fortalecimento com carga, caso o paciente apresente boa condição muscular, amplitude de movimento completa do ombro e esteja sem dor.
O tratamento evolui desde exercícios mais simples até os mais complexos de acordo com a necessidade laboral ou esportiva de cada paciente.
Para recuperação completa, é essencial seguir as orientações do seu cirurgião e do seu fisioterapeuta, respeitando os tempos de reparo do tendão.
Se você sofre com este problema e tem dúvidas, nós podemos te ajudar, marque uma avaliação conosco.